domingo, 14 de novembro de 2010

claro que eu sabia



"eu sabia que ia ser breve. no fundo eu sempre sei o tempo que eu tenho. não sou daquele tipo apaixonante, aquela pessoa que os outros se encantam, querem ter por perto, têm sonhos e sonhos, esperam pra ver na segunda ou na quinta-feira, tremem quando ouvem a voz no telefone. definitivamente não sou essa pessoa. tenho meu tempo pré-determinado. uma ou duas noites. e depois o azar de cruzar por aí a qualquer momento. eu queria dormir tranquilamente e ter a noção exata desse tempo pra não deixar uma lágrima sequer me dominar e impulsionar todas as outras. eu não pedi pra estar aqui. ainda assim estou. então, o que eu faço com isso? não sei. queria ter o direito de escolha. não estar aqui. não escolhi não ser apaixonante e ainda assim não sou. então, pra que? pra que o esforço imbecil? pensar em surpresas e depois não suportar a caixa dormindo ao lado da cama. é só um minuto de paz e cinquenta milhões de horas de desespero. sabe, eu não pedi esse corpo, esse jeito imbecil de andar e dizer coisas, não pedi pra amar e acreditar em coisas idiotas. não pedi mesmo pra estar aqui agora. o que eu peço todo dia? ah, é tão simples. é o sono. o prazer de não ser mais nada."

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