terça-feira, 25 de maio de 2010

o inevitável

uma conversa boa, depois de tanto tempo. não te convenci do tamanho da saudade que ia ficar. me convenci no seu sorriso. começo a cumprir pela primeira vez uma promessa: não fazer de novo. de ficar sempre por perto. é tudo muito bom quando tem você.
é a lei da gravidade. um corpo flutuante vai cair!
do chão, os olhos se adaptam à altura cabível. os canarinhos amarelos sempre estão no mesmo lugar, o tomate sempre muito vermelho, o brinquedinho de água em forma de disco voador reluzindo a luz da manhã em nossos olhos, tudo se torna uma e a mesma coisa:
uma manhã digna de mãos dadas.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

quem me dera



O amor puro não tem barreiras mesmo. Tudo se pode, tudo se respira, tudo se sorri, tudo se olha, tudo se molha, tudo se abraça. O que se acertou foi o unir das almas. Ao menos ameniza, arrasa e arruína. Passa por cima, o amor. Felicidade é um bem natural. O coração precisa, e tudo que se pode dar é amor, nada mais do que isso e nem menos. A medida é certa. não tem dor, e nada de buscar outro amor. A vida fica mais linda. os pássaros voam devagar, a água da cachoeira não é mais gelada, o céu é mais estrelado que qualquer noite de inverno, a lua imensa impera sua cor prateada e sorri. Não se ama pra agradar alguém, se ama pra sentir prazer, por cumplicidade, por gostar de amar e fim. Quem me dera um dia, eu puder amar.

Pés no chão



São uma coisa que eu não consigo ter. Sempre estou pensando em uma viajem, no que está acontecendo no mundo que não é aqui e no amor cheio de fantasia. Os pés insistem em flutuar. Existem coisas que eu sei que jamais terei, ou que jamais darão certo, mas eu insisto eu pensar que vai dar certo. Até chegar o dia, e eu cair na real de que não estou lá, e o pés sempre no ar. Muito eu tenho pra falar, sempre tenho muito o que falar. O meu caminho é viver, por mais que eu não consiga viver o que eu quero hoje, eu sei que um dia eu vou conseguir, e cada uma dessas experiências serão únicas pra mim. Nunca alguém vai sentir igual, como eu senti na vida. E eu sei que vou conseguir realizar tudo que eu quero. adotar filhos, criar um asilo, ajudar a revolucionar o mundo com sabedoria, respeito, amor e paz, ser feliz incansavelmente e inclusive morrer antes dos 70. E meus pés insistem em flutuar.

domingo, 9 de maio de 2010

Pra lá

Se toda escada esconde
Uma rampa
Ampara o horizonte
Uma ponte
Para o oriente
Um olhar
Distante

Em volta de um assunto
Uma lente
Depois de cada luz
Um poente
Para cada ponto
Um olhar
Rente

E a montanha insiste em ficar lá
Parada
A montanha insiste em ficar lá
Para lá
Parada
Parada

Diante do infinito
Um mosquito
Em torno de um contorno
Gigante
Cada eco leva
Uma voz
Adiante

Decanta em cada canto
Um instante
De dentro do segundo
Seguinte
Que só por um momento
Será
Antes

Arnaldo Antunes
As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.

Fernando Pessoa, claro.
A mulher taurina é muito, mas muito, feminina. Mas é firme, e teimosa. Sempre trabalha muito, adora a boa vida e trabalha muito para isto, porque ama o conforto.
A cama dela é a de lençol mais limpo, sua toalha é a menos encardida e seu sabonete o mais cheiroso.
A taurina ama namorar, mas como pensa em relação sólida, escolhe bem e avalia se o moço tem futuro na repartição em que trabalha.
Se a taurina namorar um desempregado é porque caiu nas mãos de um sagitariano safado e bom de cama, ou de um leonino xavequeiro que sabe falar baboseiras a luz do luar ou de um pisciano com olhar distante e mãos espertas.
Mas mesmo assim, ela sempre terá um trocado na manga. E na barra também.

O touro também é ciumento demais. E odeia ser ciumento. E sua vontade de não ter ciúme é engraçada, porque transparece.

O complicado é que o planeta que o rege é Vênus. Então se o taurino não for lindo, é, no mínimo, sexy. E se não for bonito, é rico.

Touro ama prazeres:
Sexo, comida e dinheiro.
Um taurino sem sexo fica amargo.
Um taurino sem dinheiro fica mal humorado.
E um taurinos sem janta, quebra a casa toda.

E cuidado com o beijo taurino. Apaixona!

O Touro só consegue ver as coisas sob o seu ponto de vista. E pronto! Ele está certo, sua opinião tem mais peso. E o pior é que não costumam mudar de idéia.


Taurinos são amigos de longa data. As amizades taurinas são sólidas.

Ele ama comida decente. Não me venha com sanduíches. Ele quer arroz, feijão,salada, sobremesa, talher, suco, aperitivo, bebidinha. Nada de misto quente e Tang de uva.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

é só abrir os olhos por completo

Essas coisas ainda existem. Morar em uma cidade pequena, no interior é sempre feliz. Hoje de manhã despertei com um fio dourado de luz iluminando meu rosto, ainda um pouco lesada por conta do sono, levantei. Dei uma espreguiçada, abri a janela por inteira, e fui para minha digna refeição matinal. depois me recostei a varanda e fiquei admirando o céu azul límpido, as nuvens em formatos diferentes e textura de algodão, o sol reinando seus raios dourados, e os pássaros voando por todos os lados. Fiquei imaginando milhares de coisas em uma manhã de domingo, que nem me cabiam. Eram muitas coisas. E eu realmente saí de órbita... fui parar em um lugar que eu realmente não me encontrava naquele momento, um lugar longe. Fora daqui. Fora de mim. Fora da Terra. Com o tempo, fui escutando uma espécie de apito, lá no fundo, bem distante, e esse apito só ia aumentando. Chegava mais perto. E eu fui voltando para a realidade ali encontrada, e tentando decifrar o que era aquilo. Cada vez mais, ele chegava, e aumentava. Parecia agora, o barulho de uma porta antiga de carvalho, rangendo infindavelmente. aquele barulho entrou na minha cabeça e não saía mais. cada vez mais perto. Quando dei por mim, já estava na frente da minha casa. Fui correndo até a porta ver o que era. Encontrei um senhor de chapéu de palha, olhos verdes meio cansados, uma camisa velha e uma calça suja de terra, um cigarro de palha na boca e uma vara na mão de mais ou menos 1,75 metros, ele olhou bem no fundo dos meus olhos e fez um sinal com a cabeça, para me cumprimentar. Eu fiz o mesmo sinal, olhando nos olhos dele. E quando olhei para o que via atrás dele. haviam vários bois, uns paralelos aos outros da mesma cor e chifres imensos. Eles estavam levando uma espécie de carreta feita de madeira, tal qual era o barulho que eu escutara. e que ali, tão perto, se encontrava ensurdecedor. Nessa carreta haviam 7 crianças, todas de olhos extremamente brilhantes, sentadas, balançando as pernas, rindo de orelha a orelha. Pude facilmente perceber que aquilo jamais seria igual a qualquer coisa que elas poderiam fazer na vida, era a melhor coisa para elas. estavam realmente felizes. Eu dei um sorriso à elas, e fiquei olhando aquele “carro de bois” ir embora, até não poder enxergar mais, e só conseguir escutar aquele barulho. Foi a coisa mais linda que eu já vi, a humildade daquelas pessoas, o olhar sincero daquele senhor, a cumplicidade entre eles, os animais, a felicidade estampada nos risos. Por mais que seja difícil encontrar por aí. Essas coisas existem ainda, e eu estou feliz por ser testemunha disso.