sábado, 11 de dezembro de 2010

ela não tem nenhum desejo de transformar o passado em poesia, ela quer dar uma volta ao passado com seu corpo perdido. ela não é obrigada por um desejo de beleza, ela é obrigada por um desejo de vida.
o amor grande mais torna-se inútil, porque nem mesmo a pessoa amada é capaz de suportar tanto. fico perplexa ao perceber que mesmo no amor é preciso bom senso e medida. a vida dos sentimentos é extremamente burguesa.
clarice lispector
freqüentemente, os melhores momentos na vida são quando a gente não está fazendo nada, só meditando, ruminando. quer dizer, a gente pensa que todo mundo é sem sentido, aí vê que não pode ser tão sem sentido assim se a gente percebe que é sem sentido, e essa consciência de falta de sentido já é quase um pouco de sentido. sabe como é? um otimismo pessimista.
eu não sentia nada. só uma transformação pesável.
muita coisa importante falta nome.
joão guimarães rosa
i don’t know why people are so keen to put the details of their private life in public; they forget that invisibility is a superpower.
nada é para sempre, dizemos, mas há momentos que parecem ficar suspensos, pairando sobre o fluir inexorável do tempo.
josé saramago

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010



O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva a hipocrisia.

Noel Rosa
"sou tantas outras. não sei como ainda caibo em mim. se sou curva, se sou íngreme, se sou chão batido - já nem sei mais. me sinto um tanto mais. com tudo isso, sobrou a fúria com destino, a poesia&imensidão, o perder-se sem temer se encontrar num beco sem saída. pois já não há saídas: as entradas se dão em outras entradas. estimo essa dança cotidiana: pequenices, dores, revoltas, dar-a-volta, ciranda de arte. todos os vocês se confundem com os eus e eu me sou puramente de plenitudes efêmeras. fêmeas. fêmures. estou cansada de ficar cansada de ficar cansada. de brincar com as palavras e elas não significarem tudo. é isso: não me significo tudo. sempre algo me escapa e eu decici deixar-lhes escapar. se retornam, já não sei. eu não me sou: sou muitas de mim. me fragmento, me recorto, me estilhaço no ar. amar já não cabe em mim, transbordar-se. dou gargalhadas: é disso que se é. é isso que se quer: retornar a si não sabendo mais quem sou. cirandar."

terça-feira, 30 de novembro de 2010

mais



eu tentei melhorar
mas quem disse que adiantou?
eu tentei me revigorar,
mas tudo foi se desintegrando.
- mais chá, por favor. -
eu fui até lá
achando que ia mudar
eu toquei a campainha
imprecisa e mesmo assim, toquei.
- quero mais. -
eu subi na torre mais alta
pra tentar gritar seu nome
mas minha voz falhou
deve ter sido a altitude.
- o último gole. -
meu medo era esse
a fuga rápida, fugaz
mas necessária!
por que é tão difícil
dizer que gosta de mim
e que sua maior vontade
é a vontade de ficar?
- só um minuto. -
ah, eu só quero amor.
eu sei o que você sente.
sei?!
me trate bem,
me trate muito bem.
- pronto. -
mas eu tô feliz
eu juro pelo meu melhor amigo.
- mais chá, por favor! -

domingo, 14 de novembro de 2010

claro que eu sabia



"eu sabia que ia ser breve. no fundo eu sempre sei o tempo que eu tenho. não sou daquele tipo apaixonante, aquela pessoa que os outros se encantam, querem ter por perto, têm sonhos e sonhos, esperam pra ver na segunda ou na quinta-feira, tremem quando ouvem a voz no telefone. definitivamente não sou essa pessoa. tenho meu tempo pré-determinado. uma ou duas noites. e depois o azar de cruzar por aí a qualquer momento. eu queria dormir tranquilamente e ter a noção exata desse tempo pra não deixar uma lágrima sequer me dominar e impulsionar todas as outras. eu não pedi pra estar aqui. ainda assim estou. então, o que eu faço com isso? não sei. queria ter o direito de escolha. não estar aqui. não escolhi não ser apaixonante e ainda assim não sou. então, pra que? pra que o esforço imbecil? pensar em surpresas e depois não suportar a caixa dormindo ao lado da cama. é só um minuto de paz e cinquenta milhões de horas de desespero. sabe, eu não pedi esse corpo, esse jeito imbecil de andar e dizer coisas, não pedi pra amar e acreditar em coisas idiotas. não pedi mesmo pra estar aqui agora. o que eu peço todo dia? ah, é tão simples. é o sono. o prazer de não ser mais nada."

terça-feira, 2 de novembro de 2010

minha saudade, que fosse metade sua



"Me diga uma coisa: como você consegue puxar minha atenção para você quando está por perto? É simplesmente impossível controlar minhas ações: como um ímã, você me chama, me guia, me atrái, me leva. Mas não me espera, jamais.Você, sem motivo ou explicação, vai embora e leva os pedaços de mim junto com você. Eu fico, ao mesmo tempo, como se fosse brincadeira, sem você e sem mim. Pare de me levar com você, eu te imploro. Me preparo a cada minuto de cada dia para esperar você chegar, preparo minha alma, meus sentimentos, minha vida e meu coração - que mal se recuperou da última partida - para ser melhor e te receber melhor. Porque eu preciso tentar ser melhor para que você fique desta vez. Eu preciso que você me deixe esquecer do mundo com a sua presença tão perfeita. Por favor, estou aqui quase beijando seus pés por um tiquinho da sua atenção, você vê? Estou aqui sem deixar de sorrir para te parecer bonita, atraente e feliz, e fingir que não preciso que você fique.
Porque se você perceber o quanto eu preciso, você vai correr de medo, mais rápido do que das outras vezes. E não posso mais deixar, preciso mostrar o melhor de mim e do meu falso palácio, preciso sorrir mesmo de rímel borrado para meu ímã te atrair também. Espera eu te dizer que te quero bem. Me dá um pouco de tempo para eu me abastecer de você. Me permita tirar um pedaço de você para você sentir minha falta também e querer ficar pra sempre. Deixa eu morar dentro de você, me instalar, te invadir devagarinho. Não vai doer, eu prometo. Ah, se você soubesse, como é te esperar todos os dias a todo momento. Minha cabeça oca se enche de lembranças boas que me fazem implorar pra continuar esperando mais um dia, mais uma semana. E eu obedeço o vírus. Mas não vou te falar nada disso, e chega de preparar meu discurso porque se eu soltar uma dessas frases você vai perceber, o tanto que você levou de mim, e vai sair correndo para longe. E eu só preciso que você fique mais. Te deixo um sorriso bonito – Assim igual ao teu."

sexta-feira, 29 de outubro de 2010



segue a mensagem, pra ver se muda:

eu tenho pena dessas pessoas sem muitos amigos,
eu tenho pena dessas pessoas hipócritas,
eu tenho pena dessas pessoas autoritárias.

eu tenho nojo dessas pessoas arrogantes,
eu tenho nojo dessas pessoas intolerantes,
eu tenho nojo dessas pessoas autoritárias.

engraçado e desagradável sentir isso por você, eu deveria sentir uma outra coisa bem diferente de pena e nojo. só que a cada dia eu acabo sentindo mais e mais. é gozado como você enxerga as coisas e como você não consegue escutar os outros para nem, ao menos, tentar mudar de opnião. o que está acontecendo, my darling, é totalmente o contrário do que você me disse: é você mesmo que está fazendo nós nos afastarmos, e mais ninguém.
ainda espero que esse cavalo de guerra seja desarriado.

as pessoas andam meio descompensadas, acho que deve ser estresse.
eu mesma fui pega de surpresa por conta de estresse.
pode ser, é uma boa pedida.
eu ainda espero que esse cavalo de guerra seja desarriado!

fica a mensagem, pra ver se muda.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010



Ando meio sem tempo e sem vontade de escrever. quando eu encontro algum tempo, me falta vontade em dobro, e quando eu sinto vontade de escrever o tempo me escorre pelas mãos. Passei por um período difícil por conta de estrsse. o engraçado é que foi um estresse que eu não vi se apossar, nem como e por que chegou, e que até já foi embora.

De tão rápido que foi, a consequência foi demorada e bem salgada. Mas agora já está tudo bem.

Sinto como se me estivesse desintegrando a cada dia. mas tudo isso é com o decorrer do tempo, ja já vou estar me reintegrando e tudo volta ao normal. é sempre assim: um círculo vicioso.

Tem uma música que eu ando ouvindo muito, e não me canso nenhum pouco:
New Soul de Yael Naim;
escute se estiver se recuperando de um estresse.

domingo, 3 de outubro de 2010

"que tudo se foda,
disse ela,
e ela se fodeu toda."
levo a vida

de va gar

pra não faltar

amor!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

susto atrás de susto
soluço.
susto.
um soluço
um susto

um abraço apertado pra eternidade.
promete que não me deixa aqui?
ah, estes olhos verdes que não me deixaram em paz.

água atrás de água
soluço.
água.
um gole d'água
um soluço

continua que melhora.
ressaca moral e física
a gente trata assim mesmo
vai melhorando
aos poucos.

domingo, 19 de setembro de 2010

Eu sei que eu não sou
quem esperam que eu seja.
Posso fingir ser alguém que eu não sou
para, talvez, ser alguém
que eu possa ser.
Mas eu prefiro ser alguém
que esperam que eu não seja
e ser feliz sendo
alguém que eu gosto de ser.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

blackbird




liberte-os, deixe que se entreguem à tempestade
a liberdade é tão rara hoje em dia
mesmo que sejam negros
deixe que voem.
logo isso passa
vai tudo ficando bem, aos poucos
e a vida volta a ser colorida.
assim que a tempestade passar
pode colocar aquele
seu vestido com florezinhas amarelas.
assim que a tempestade passar
pode libertar aqueles
seus pássaros com lágrimas agora secas,
porém, não mais tranparentes
e sim verde esperança.
assim que a tempestade passar
pode voltar
para seu amor cor da paixão.
assim que a tempestade passar
pode dar aquele seu
sorriso encantador, transcendente, branco
e clorido
de sempre.

sábado, 4 de setembro de 2010

entre lírios e delírios

sexta-feira, 27 de agosto de 2010



a mala agora tá pronta
e o medo está segurando meus pés.
de tudo que há de me esperar
eu espero que tenha amor

esse sol me assusta
o mar me conforta
no céu os pássaros voam demais
a lua ilumina seu revés

arruma a mesa do jantar
que eu levo o buque
as margaridas estão cheirosas
lindas, brancas e pequenas
é só levar.
e eu espero que tenha amor
de sobra.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. uma solidão de artista e um ar sensato de cientista. (…) tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna.

.Caio Fernando Abreu
Não te irrites por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio


Mário Quintana

terça-feira, 10 de agosto de 2010

"O que seria do Porteiro
Se não houvessem Portas
O que seria dos Carros
Se não tivessem Rodas
O que seria da minha Gula
Se não houvessem Tortas
O que seria das Guitarras
Se não houvessem Cordas
O que seria dos Mortos
Se não fossem os Coveiros
O que seria dos Relógios
Sem Os seus Ponteiros
O que seria da Cadeia
Sem os seus Prisioneiros
Tudo se completa
Nesse mundo de parceiros"
Em algum lugar existe uma menina linda
seu nome era um só
não era Maria
mas seu sorriso era de pura simpatia,
de simplicidade e de muita alegria
Eduarda é o nome dela
moça abençoada
quando veio a Terra
veio com a missão
de plantar o amor
Eduarda é o nome dela
Eduarda, a lua, a luz, a brisa
o sorriso meu
Eduarda é o nome dela.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Vou te pegar pra mim
e guardar em um potinho
como se fosse um segredo,
vai ser minha relíquia.
Uma poesia, uma melodia
e o acorde final,
vai ser você em mim,
e o ponto final não vai existir


Eduarda Vilhena e Fernanda Bueno

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

o vinho tinto roxeava seus dentes.
sentada na mesa, com conversas um tanto animadas para um domingo, todos saboreavam um belo vinho esperando o almoço ficar pronto. acendia um cigarro atrás do outro, era uma coisa que haveria de torná-la sustentavelmente sexy. e era, muito sexy.
seu sorriso tímido com conclusões indiscretas do assunto que se sobressaia na mesa era encantador e misterioso. seus olhos sempre diziam muito, e o amor que tinha com seu pai era facilmente percebido nos mutuos abraços, que ela fazia questão de sempre tomar iniciativa. foi uma tarde encantadora como outra qualquer entre a família.
o almoço ficou pronto e não havia lugar na mesa, ela foi até o outro cômodo e se sentou, esperando que seus braços tivessem força para segurar o talher e levar a comida até a boca.
o sol que vinha pelas duas portas do cômodo era muito claro, porém, fraco.
ela comeu pouco, e logo se serviu mais de vinho e acendeu outro cigarro. era algo que a tornava sexy. por mais que seu pai dissesse que aquilo a mataria algum dia, ela dizia que iria morrer mesmo, de alguma maneira.

Se...

ela fosse um objeto
seria um abajur.

eu seria
uma fotografia do mar.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

magia

o tecido trabalhado em fios de algodão estava suspenso com a ajuda de um pequeno engate, preso ao teto. era um pedaço de pano bastante grande, que por questão de 20 centímetros não alcançavam o chão. o tom era um ciano bastante gasto. com a luz bem baixa se passaram mais ou menos cinco minutos e uma música alta começou a tocar.

ela chegava.
segurou o tecido pindurado no teto, e agora, se suspendia junto com ele.
pareciam um só. qualquer movimento que ela trabalhara ele a acompanhara.
com as pernas cruzadas, ela se encontrava de cabeça para baixo. sempre com gestos naturais e extremamente delicados. a magia era facilmente percebida, ela rodava tanto que me chegava a bambear os olhos, a música era de uma sinfonia tão magestral que me faziam viajar, ou delirar em seus movimentos.
a maquiagem circense dos seus olhos os faziam brilhar ainda mais. conseguia passar uma felicidade e uma paz imensa. era tudo tão mágico, pena que acabou.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

sinto com se tivesse
uma corda de nylon
me puxando cada vez mais forte
pelo umbigo.

um fiozinho de nylon
que a cada puxada
aumenta de espessura
ficando mais forte
e machucando mais.

terça-feira, 13 de julho de 2010

eu vou te pegar
isso é um fato
o resto é futuro
"o marulhar do mundo em minha cabeça, poucas coisas importantes, poucas coisas a mais, a marca do copo gelado no balcão de madeira, minha marca no vento que passou, que passa, poucas coisas, pouco importantes, a vida refletindo-se no verde do licor de menta, meu irrefletir, verde escuro círculo no balcão de mim, cumprindo uma tabela ignorada, noite infinita que sobe pelos corpos como maré cheia, noite finita que desce em nossos ombros lembrando-nos de que ainda não estamos livres, pouco de nós consegue evaporar - talvez ainda não tenhamos pago a conta -, a marca do copo continua ali, a maca do corpo, pouco (talvez o melhor poeta não tenha sido um poeta, talvez a melhor poesia - um verdadeiro haicai - tenha vindo da alma do filósofo que disse:



sei

que

n a d a

sei"

quinta-feira, 8 de julho de 2010

"eu irei lhe dizer o que eu irei fazer e o que eu não irei fazer. Eu não servirei aqueles no qual não acredito mais, mesmo que se entitulem minha casa, minha cidade natal ou minha igreja: e eu tentarei me expressar [viver] de uma forma mais livre e completa possível [através da arte], usando em minha defesa as únicas armas que eu me permito usar - silêncio, exílio e habilidade..."

sábado, 3 de julho de 2010


a música, com seu trajeto sonoro. inventa a moda de nos fazer trajetar pela casa toda, cantando na maior altura possível, de braços abertos e pés trançados. um pé atrás, outro na frente. um pro lado, outro pra trás, agora na ponta dos pés: um pulo!

Enfeitiça.

Fui pega de surpresa, nesse ato enfeitiçante. a voz que eu esperava dizer outra coisa, dizia agora: vai, contiue!
Faz tempo que eu não ouvia assim, sem dor pra perceber que o mundo não muda. Eu digo que estou encantada.
assim foi quase o dia todo, perdendo a maior parte do meu tempo olhando pro céu e com os braços estendidos; parece que as coisas agora, andam mudando.

quarta-feira, 16 de junho de 2010


parece um mundo pequeno,

mas eu não caibo.

pequeno não é a palavra.

parece um mundo possível,

e eu continuo não cabendo.


vai ver é porque a palavra "caibo" não sai bem ao tom da minha voz.

tá na falta

falta disposição
falta vontade
falta concentração
falta bondade
falta carinho
falta amor
no verão falta frio
no frio falta calor
falta humildade
falta justiça
falta dignidade
falta esperança
falta conversa
falta mudança
faltam sorrisos
faltam olhares
faltam ouvidos

falta, faltam, falta.
o mundo precisa de parar com essa história de ficar faltando, com o mundo!

terça-feira, 25 de maio de 2010

o inevitável

uma conversa boa, depois de tanto tempo. não te convenci do tamanho da saudade que ia ficar. me convenci no seu sorriso. começo a cumprir pela primeira vez uma promessa: não fazer de novo. de ficar sempre por perto. é tudo muito bom quando tem você.
é a lei da gravidade. um corpo flutuante vai cair!
do chão, os olhos se adaptam à altura cabível. os canarinhos amarelos sempre estão no mesmo lugar, o tomate sempre muito vermelho, o brinquedinho de água em forma de disco voador reluzindo a luz da manhã em nossos olhos, tudo se torna uma e a mesma coisa:
uma manhã digna de mãos dadas.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

quem me dera



O amor puro não tem barreiras mesmo. Tudo se pode, tudo se respira, tudo se sorri, tudo se olha, tudo se molha, tudo se abraça. O que se acertou foi o unir das almas. Ao menos ameniza, arrasa e arruína. Passa por cima, o amor. Felicidade é um bem natural. O coração precisa, e tudo que se pode dar é amor, nada mais do que isso e nem menos. A medida é certa. não tem dor, e nada de buscar outro amor. A vida fica mais linda. os pássaros voam devagar, a água da cachoeira não é mais gelada, o céu é mais estrelado que qualquer noite de inverno, a lua imensa impera sua cor prateada e sorri. Não se ama pra agradar alguém, se ama pra sentir prazer, por cumplicidade, por gostar de amar e fim. Quem me dera um dia, eu puder amar.

Pés no chão



São uma coisa que eu não consigo ter. Sempre estou pensando em uma viajem, no que está acontecendo no mundo que não é aqui e no amor cheio de fantasia. Os pés insistem em flutuar. Existem coisas que eu sei que jamais terei, ou que jamais darão certo, mas eu insisto eu pensar que vai dar certo. Até chegar o dia, e eu cair na real de que não estou lá, e o pés sempre no ar. Muito eu tenho pra falar, sempre tenho muito o que falar. O meu caminho é viver, por mais que eu não consiga viver o que eu quero hoje, eu sei que um dia eu vou conseguir, e cada uma dessas experiências serão únicas pra mim. Nunca alguém vai sentir igual, como eu senti na vida. E eu sei que vou conseguir realizar tudo que eu quero. adotar filhos, criar um asilo, ajudar a revolucionar o mundo com sabedoria, respeito, amor e paz, ser feliz incansavelmente e inclusive morrer antes dos 70. E meus pés insistem em flutuar.

domingo, 9 de maio de 2010

Pra lá

Se toda escada esconde
Uma rampa
Ampara o horizonte
Uma ponte
Para o oriente
Um olhar
Distante

Em volta de um assunto
Uma lente
Depois de cada luz
Um poente
Para cada ponto
Um olhar
Rente

E a montanha insiste em ficar lá
Parada
A montanha insiste em ficar lá
Para lá
Parada
Parada

Diante do infinito
Um mosquito
Em torno de um contorno
Gigante
Cada eco leva
Uma voz
Adiante

Decanta em cada canto
Um instante
De dentro do segundo
Seguinte
Que só por um momento
Será
Antes

Arnaldo Antunes
As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.

Fernando Pessoa, claro.
A mulher taurina é muito, mas muito, feminina. Mas é firme, e teimosa. Sempre trabalha muito, adora a boa vida e trabalha muito para isto, porque ama o conforto.
A cama dela é a de lençol mais limpo, sua toalha é a menos encardida e seu sabonete o mais cheiroso.
A taurina ama namorar, mas como pensa em relação sólida, escolhe bem e avalia se o moço tem futuro na repartição em que trabalha.
Se a taurina namorar um desempregado é porque caiu nas mãos de um sagitariano safado e bom de cama, ou de um leonino xavequeiro que sabe falar baboseiras a luz do luar ou de um pisciano com olhar distante e mãos espertas.
Mas mesmo assim, ela sempre terá um trocado na manga. E na barra também.

O touro também é ciumento demais. E odeia ser ciumento. E sua vontade de não ter ciúme é engraçada, porque transparece.

O complicado é que o planeta que o rege é Vênus. Então se o taurino não for lindo, é, no mínimo, sexy. E se não for bonito, é rico.

Touro ama prazeres:
Sexo, comida e dinheiro.
Um taurino sem sexo fica amargo.
Um taurino sem dinheiro fica mal humorado.
E um taurinos sem janta, quebra a casa toda.

E cuidado com o beijo taurino. Apaixona!

O Touro só consegue ver as coisas sob o seu ponto de vista. E pronto! Ele está certo, sua opinião tem mais peso. E o pior é que não costumam mudar de idéia.


Taurinos são amigos de longa data. As amizades taurinas são sólidas.

Ele ama comida decente. Não me venha com sanduíches. Ele quer arroz, feijão,salada, sobremesa, talher, suco, aperitivo, bebidinha. Nada de misto quente e Tang de uva.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

é só abrir os olhos por completo

Essas coisas ainda existem. Morar em uma cidade pequena, no interior é sempre feliz. Hoje de manhã despertei com um fio dourado de luz iluminando meu rosto, ainda um pouco lesada por conta do sono, levantei. Dei uma espreguiçada, abri a janela por inteira, e fui para minha digna refeição matinal. depois me recostei a varanda e fiquei admirando o céu azul límpido, as nuvens em formatos diferentes e textura de algodão, o sol reinando seus raios dourados, e os pássaros voando por todos os lados. Fiquei imaginando milhares de coisas em uma manhã de domingo, que nem me cabiam. Eram muitas coisas. E eu realmente saí de órbita... fui parar em um lugar que eu realmente não me encontrava naquele momento, um lugar longe. Fora daqui. Fora de mim. Fora da Terra. Com o tempo, fui escutando uma espécie de apito, lá no fundo, bem distante, e esse apito só ia aumentando. Chegava mais perto. E eu fui voltando para a realidade ali encontrada, e tentando decifrar o que era aquilo. Cada vez mais, ele chegava, e aumentava. Parecia agora, o barulho de uma porta antiga de carvalho, rangendo infindavelmente. aquele barulho entrou na minha cabeça e não saía mais. cada vez mais perto. Quando dei por mim, já estava na frente da minha casa. Fui correndo até a porta ver o que era. Encontrei um senhor de chapéu de palha, olhos verdes meio cansados, uma camisa velha e uma calça suja de terra, um cigarro de palha na boca e uma vara na mão de mais ou menos 1,75 metros, ele olhou bem no fundo dos meus olhos e fez um sinal com a cabeça, para me cumprimentar. Eu fiz o mesmo sinal, olhando nos olhos dele. E quando olhei para o que via atrás dele. haviam vários bois, uns paralelos aos outros da mesma cor e chifres imensos. Eles estavam levando uma espécie de carreta feita de madeira, tal qual era o barulho que eu escutara. e que ali, tão perto, se encontrava ensurdecedor. Nessa carreta haviam 7 crianças, todas de olhos extremamente brilhantes, sentadas, balançando as pernas, rindo de orelha a orelha. Pude facilmente perceber que aquilo jamais seria igual a qualquer coisa que elas poderiam fazer na vida, era a melhor coisa para elas. estavam realmente felizes. Eu dei um sorriso à elas, e fiquei olhando aquele “carro de bois” ir embora, até não poder enxergar mais, e só conseguir escutar aquele barulho. Foi a coisa mais linda que eu já vi, a humildade daquelas pessoas, o olhar sincero daquele senhor, a cumplicidade entre eles, os animais, a felicidade estampada nos risos. Por mais que seja difícil encontrar por aí. Essas coisas existem ainda, e eu estou feliz por ser testemunha disso.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Me deram uma gaiola como casa, amarraram minhas asas e disseram para eu ser feliz..

Mas como eu posso ser feliz num poleiro?
Como eu posso ser feliz sem pular ?
Mas como eu posso ser feliz num viveiro,
Se ninguém pode ser feliz sem voar?

Ah, segurei o meu pranto para transformar em canto
E para meu espanto minha voz desfez os nós
Que me apertavam tanto
E já sem a corda no pescoço, sem as grades na janela
E sem o peso das algemas na mão...
Eu encontrei a chave dessa cela
Devorei o meu problema e engoli a solução!
Ah, se todo o mundo pudesse saber como é fácil viver fora dessa prisão e descobrisse que a tristeza tem fim...
E a felicidade pode ser simples como um aperto de mão!"

terça-feira, 20 de abril de 2010

rotina rotineira


ontem, hoje, esses dias... eu ouvi dizer que o amor faz cócegas na rotina. a rotina é isso de andar pelo mesmo lado da rua. acordar com o mesmo horário despertando no celular. lavar primeiro o cabelo, passar sabonete enquanto o condicionador age das pontas para cima, nos fios todos. acordo com minutos trocados, cada dia um minuto depois, dois dias depois, três minutos antes. finjo uma finta na rotina criando outra rotina. e isso tudo é uma rotina, por incrível que pareça, é.
Sabe aquela coisa de andar fazendo planinhos para um futuro distante? Minhas tardes se baseiam nisso. todas elas. na rotina.
ouvi dizer que o amor sobe escadas de dois em dois degraus. falta o ar e reaparece a cada nova pisada, parada, pisada, parada. ouvi dizer que o amor assobia um blues quando volta pra casa, sozinho. é a voz da negona aos berros, a gaita e o banjo, que desafinados, sempre são admirados com sua melodia melancólica e que sempre tem coisas lindíssimas a dizer, “heeeere we go, again”. solto por aí, sentando em verdes campos, olhando para o céu. solto por aí, cutucando a solidão imperativa.
sinto a falta dele como se me faltasse um dente na frente: excrucitante. que medo alegre, o de te esperar.
C.L
tardes inusitadas
noites inusitadas
ligações inusitadas
falas inusitadas
perguntas inusitadas
sensações de sempre

sexta-feira, 9 de abril de 2010

noite de sono. banho quente. muita roupa. café forte. portão com sereno. vento gelado. sol fraco. frio. pessoas. frio. portão sem sereno. sol forte. frio. casa. música. tarde de sono. banho quente. muita roupa. frio. cobertor. café forte. chocolate amargo. frio. filme. frio. café forte. frio. meia colorida. frio. gorro de lã. frio. luva vermelha. frio. café forte. frio. Abril. frio.

domingo, 4 de abril de 2010

ela era


Bonita, cabelos curtos, jeito picante e olhos coloridos. Mas ontem, ela era preto e branco. Entrou na sala da casa e não reconheceu as pessoas sentadas no sofá. Disfarçou a insegurança entrando no banheiro olhou para o espelho e fez a pergunta que rondava seus pensamentos desde Agosto: até quanto suporto?
Abaixou as calças e deixou o xixi escorrer silencioso enquanto tapava os olhos com as duas mãos. Pensou na noite que lhe esperava, pensou nas opções que tinha, cogitou a possibilidade de pular pela janela. Com a maluquice na ponta da língua, deixou escapar um sorriso. Não tinha opções. Não saberia ir embora. Quase nada tem importância, ainda mais porque nada do que ela queria estava com ela, naquele momento. Recebeu uma ligação, que dizia tudo que ela precisava escutar naquele momento.
Levantou a calça, lavou a mão, olhou mais uma vez para o espelho e encarnou um personagem quase que de conto de fadas. Voltou para sala e sentou-se ao lado da dona da casa. Trocou algumas palavras e sorriu aliviada. Olhou para a única referência que tinha e baixou os olhos. Suspirou por dentro. Amou por dentro. Ouviu o grito que tentava pular para fora: eu amo você e isso não vai passar. Sorriu com o coração ardendo. O coração não arde ao pé da letra e o colorido nem sempre guarda o pote de ouro. Mais a vida, deixou de ser preta e branca. A partir do momento desse "eu te amo".

sexta-feira, 2 de abril de 2010

demasiadas palavras, fraco impulso da vida

Meu ultimo desabafo, meu ultimo suspiro, meu ultimo grito de angustia, minhas ultimas palavras dessa saudade que machuca.
A gente até engana os outros de que é feliz, mas por dentro a solidão só aumenta.

Eu sempre disse a mim mesma: é claro que isso passa. É claro que eu vou esquecer o que, de certa forma, me fez mal. e um dia esse vazio vai ser preenchido dentro de mim..
Parece até que isso era uma espécie de talismã pra que eu pudesse continuar toda vez que via alguma foto sua, toda vez que alguém mencionava seu nome, quando eu involuntariamente relia cartas antigas, sentia seu perfume na rua, toda vez que acordava assustada com os meus sonhos, ou em alguma noite que não conseguia dormir com medo da chuva. desejando a sua companhia, nem que fosse só pra me abraçar.
É, mas no fundo eu também sabia que esse talismã não servia pra nada. Porque quando alguém me perguntava por ele, meu coração continuava acelerando, quando eu sentia seu perfume, minhas pernas ainda ficavam bambas, e quando eu sonhava , eu continuava tendo muitas pernas e braços, pra caber em uma cama. E o sono era substituído pela angústia.


Mas sim, no lugar mais íntimo do meu eu, eu sabia que não ia passar, porque eu não queria que passasse. Ou por mais que eu queria que passasse, eu sabia que não ia passar.

" Antes de você, minha vida era uma noite sem lua. Muito escura. Mas haviam estrelas - pontos de luz e razão.E aí você apareceu no meu céu como um meteoro.
De repente tudo estava pegando fogo. Havia brilho, havia beleza.
Quando você não estava mais la, quando o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou escuro.
Nada havia mudado, mas os meus olhos haviam ficados cegos com a luz.
Eu não conseguia mais ver as estrelas.
E não havia mais razão pra nada. "

Ai, essa vida cheia de turbilhões. E eu sempre me preocupando em falar alguma coisa, expressar alguma coisa, gritar alguma coisa, pular alguma coisa, comer alguma coisa, chutar alguma coisa, sorrir alguma coisa, abraçar alguma coisa, amar alguma coisa.

quarta-feira, 31 de março de 2010

logo que escurece
eles aparecem
e aquelas folhas carentes
carregadas de sereno
gostam da companhia
luminosa, e feliz
desses vagalumes sapecas
que gostam
de enganar
nossos olhos

segunda-feira, 29 de março de 2010


Liberdade: condição de um indivíduo não ser submetido ao domínio de outro e, por isso, ter pleno poder sobre si mesmo e sobre seus atos.
É possível nos dias de hoje, ter liberdade em tudo que se faz na vida?
tudo que vamos fazer, temos um certo receio. Falar uma verdade pra alguém; sair de casa com uma roupa diferente; ser do jeito que sempre quis ser e sempre teve receio de ser , sabe?
Quer gritar? Grita!
não tem que se limitar tanto. O ser humano foi feito pra ser livre, pra expor suas idéias, e fazer o que gosta e o que tem vontade.
Liberdade tem haver com felicidade?
qual é a diferença? Quando você está feliz, você está liberto. Ou o contrário; quando você está liberto, você está feliz?
Cada pessoa tem um modo diferente de ver as coisas, principalmente quando se envolve um assunto tão polêmico como esse.
o que é liberdade pra você?

-ai, que vontade que eu tenho de sair pra rua completamente nua, sem ligar pro que os outros estão pensando ou falando;
-isso é liberdade pra você? –pode ser até estranho, e exagerado mais se você pensa assim -. Se isso pra você é liberdade, ta tudo certo.
a liberdade pode ser vista de várias maneiras, sempre depende do ponto de vista.
O mundo que fomos apresentados, não tem uma certa liberdade. por questão de medo, receio de acabar sendo feliz! era bom poder explicar de uma forma que parecesse possível o não-formato. Esses assuntos despertam a minha fome com uma força descomunal e dá aquela vontade de sair por aí me reconhecendo, e vendo quem é feliz e liberto por aí. eu não sei dizer sobre o que eu gostaria de dizer. Então que fique dito. Quando eu sentir que sou liberta, e sentir que o mundo já tem maturidade pra isso. Eu sei que vou conseguir dizer.

quinta-feira, 25 de março de 2010

não, pra longe de mim

"Olha, fique em silêncio. Eu gosto do teu silêncio. Mas também gosto de tuas palavras - acredite. Mas não vim aqui para te falar de ruídos - ou não - , estou aqui para te falar de céu e estrelas - como naquele dia. - Ontem por incrível que pareça todos os lugares que pisei eu te procurei. Teus rastros ficaram por lá. O balançar de teus cabelos e esse teu jeito meio atacado de ser. Fiquei feliz em poder sentir tua falta, - a falta mostra o quão necessitamos de alguém. É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. Perto, longe, tanto faz. Preciso saber que você está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também. Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras, que supostamente você está fazendo. Ah, e eu estou te esperando, com seu short curto, fita no cabelo, óculos escuros grandes, coração pulsando forte, preciso te abraçar até não aguentar mais. É, eu gosto muito de ti."

segunda-feira, 22 de março de 2010

crimeativo

querem arrancar
minha cabeça

não vou falar
quem,
pra não
comprometer.

essa pessoa disse, que irá jogá-la aos porcos.
um crima ativo, tão estimulante!
minha cabeça vale tanto assim?!
não sei se ela deveria ser jogada aos porcos. quanta bondade com uma pessoa só!

mas se fosse pra arrancar mesmo,
vou ser sincera.
gostaria que ela rolasse.
rolasse. rolasse.
verdes campos de
margaridas amarelas.
que é pra eu poder
sentir o perfume, da dor feliz de se rolar livre
voce tem fome de que?

escrever, não mata minha fome de estar lá, agora. nesse segundo, e é só o que eu consigo pensar. estar lá.


- de orelha a orelha : 00:51
- me fala uma palavra (boa) no diminutivo?
- deixe-me ver...
- vai, qualquer uma, que seja (boa);
- carinho.

- como você se vê?
- alguém que anda olhando para baixo porque tem uma puta vontade de olhar para cima.

e a vida tá normal: sem grandes pulos

começei as aulas que queria tanto: de gaita
terão que aguentar a mais nova alma do blues!

quarta-feira, 17 de março de 2010

antes da chuva toda desabar e o dia ficar cinza, eu me encostei numa piscina azulzinha debaixo de um céu quase tão azul quanto. a gente continua apesar de tudo, é o que eu tenho pensado. histórias são acrescentadas, vidas são incorporadas, medos vão e vem, o amor aparece e vai. e a única coisa que não me dá pavor no mundo: o amor que eu sinto. e é por aí que eu continuo. quando bebo eu posso mandar mensagens pelo celular porque a falta de resposta frustra só no dia seguinte. o segundo de carência e necessidade de comunicação é feliz. poder fazer o que se tem vontade é felicidade. é só desse jeito que eu sei ser. debaixo da água a vida parece tranquila, as pernas se movimentam com firmeza, meu joelho esquerdo esquece de doer, meus braços ganham força, não há transpiração, a parede me empurra sempre pra frente, o corpo fica mais bonito, a dor do ‘não’ se afoga sem nem tentar se debater. a vida realmente parece tranquila. ela parece caber todinha ali. no mar todo esse efeito doido parece até se multiplicar, você se sente um nada, perto te tudo, e isso é bom. é só se afundar. abrir os olhos. e prestar atenção em cada movimento dos fios de cabelo, isso ajuda a esquecer os problemas e parar pra imaginar toda a vida lá fora. longe de mim. longe de tudo; e é uma pena, porque aonde eu vivo, eu não tenho essa honra de idolatrar o mar e meus fios de cabelo, mais assim que der. vai ser a vez do mar. a idéia de fazer um livro decente anda cada vez mais distante. certas coisas se afastaram de mim de uma forma que eu nunca imaginei. palavras decentes, histórias decentes, ouvidos decentes para receber. tudo muito longe, mas sem desespero. realmente certas coisas se afastam sem que dê tempo de notar. tenho um amigo que mais admira e me incentiva para fazer um livro e postar minhas melhores histórias ou coisas assim. mas vou falar a verdade, só em escutar essa história de fazer um livro já me dá uma preguiça absurda, as vezes nem é pra eu fazer mesmo não. e olha... eram realmente essas as férias que eu queria. e exatamente agora. algumas coisas perdem a hora de acontecer, outras não. agora, como sempre, eu só espero que eu seja feliz. que eu esteja sempre perto das pessoas que eu gosto. que eu tenha saúde, sorte e coragem; e por aí... eu vou aprendendo a viver.

quinta-feira, 11 de março de 2010

bocejo...

Eu bocejo.
Tu bocejas.
Ele boceja.
Nós bocejamos.
Vós bocejais.
Eles bocejam.



nunca interrompa um bocejo.

Tão lindas, as florezinhas.
Tão linda, a vida.
Tão infinito, o amor.

só...

Fevereiro e Março
estava disperça quando
peguei o lápis pra escrever com a mão esquerda mais logo me dei conta
de que não sou
canhota
eu sabia

mesmo depois que me
despedisse e fechasse
a porta;
eu sabia

segunda-feira, 8 de março de 2010

"De noite , na cama, eu fico pensando
se você me ama, e quando
se você me ama, eu fico pensando
De dia eu faço graça pra não dar bandeira
não deixo você ver
De dia tudo passa como brincadeira
por longe de você
por onde você mora, pára e se demora
por hora não vou ter coragem de dizer
Mas há de haver a hora
se você for embora, agora..."

quinta-feira, 4 de março de 2010

Seu nome...

Se eu tivesse um bar ele teria seu nome
se eu tivesse um barco ele teria seu nome
se eu comprasse uma égua, daria á ela seu nome
minha cadela imaginária, tem o seu nome
se eu enlouquecer, passarei as tarde repetindo seu nome
se eu morrer velhinha, no suspiro final balbuciarei seu nome
seu eu for assassinada, com a boca cheia de sangue gritarei seu nome
se encontrarem meu corpo boiando no mar, no meu bolso haverá um bilhete com seu nome
se eu me suicidar, ao puxar o gatilho pensarei no seu nome
na rua, vejo mulheres que parecem ter o seu nome
as vezes as nuvens quase formam o seu nome
olhando as estrelas é sempre possível desenhar o seu nome
não entendo porque Chico Buarque não compôs uma música para seu nome
se eu fosse um travesti, usaria seu nome
se eu tiver uma filha, ela terá o seu nome
eu sinto inveja do oficial de registro, que datilografou em primeiro lugar o seu nome
é difícil falar de você, sem mencionar o seu nome
uma vez sonhei que tudo no mundo tinha o seu nome
coelho tinha o seu nome
xícara tinha o seu nome
teleférico tinha o seu nome
não posso ser uma comunista se tiver que compartilhar o seu nome
não posso ser uma fascista se não quero impor a outro o seu nome
não posso ser uma capitalista, se não desejo nada além do seu nome
espero nunca deixar de te amar, pra nunca esquecer o seu nome
espero que nunca me deixe, pra eu ser obrigada a esquecer o seu nome
espero nunca te odiar, pra ter que odiar o seu nome
espero que você nunca me odeie, para eu não ficar arrasada ao ouvir o seu nome
a literatura não me interessa tanto, quanto o seu nome
estou cansada da vida, mais isso não tem nada a ver com o seu nome
estou escrevendo a trigésima linha, sobre o seu nome
talvez eu não seja uma poeta a altura do seu nome
por via das dúvidas, vou finalizar o poema sem dizer explicitamente o seu nome...

bem guardado

Sabe quando você começa a olhar as suas coisas mais antigas? as que ficam muitíssimo bem guardadas, dobradas em mil pedaços, dentro de uma caixa de madeira antiga que supostamente tenha sido da sua bisavó. Você guarda essa caixa em um armário com uma chave só sua, e lá dentro tem coisas que só você sabe. E ninguém mais tem que saber, só você. Aí, você começa a olhar tudo aquilo e volta no tempo, naquela mesma cena. Lembra de tudo, como se, naquele momento você estivesse vivendo tudo de novo, você lembra da música que estava tocando, de quem estava com você, do que você estava conversando, do que você estava bebendo, e isso tudo acontece olhando uma só foto. Isso é tão interessante, lembrar das coisas boas. Porque quase sempre que você olha alguma coisa, e adentra nas suas lembranças, você sempre lembra do que havia, naquela temporada, de bom!
é engraçado, como parece que nosso cérebro “apaga” , ou tenta apagar, o que não aconteceu de bom. E a gente só consegue lembrar das coisas boas.

E nossa, como aconteceram coisas boas na minha vida! como eu amo as pessoas que eu convivo! como eu sou feliz comigo!

e como eu já sinto saudades, do que foi bom... e que não vai voltar mais.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

o que é, o que é

Não tente gostar das pessoas, não te force à isso, porque gostar é uma coisa que você deve sentir. Uma hora você nem vai se dar conta que está realmente gostando de alguém, e é assim que tem que acontecer. Quando a gente gosta, a gente gosta e fim. Não tem coisa melhor do que gostar de alguém naturalmente. Quando tudo acontece, naturalmente. Não dá pra interpretar de outra forma, gostar é gostar e ponto. A gente não gosta pela metade.

A realidade é farsa, quando a gente acha que gosta de uma pessoa, acontecem coisas, frustrações ( a vida é cheia delas, temos que aprender a viver com elas, e apesar delas ). Agora, quando a gente gosta mesmo, tudo significa alguma coisa. Tem horas que eu sinto saudade daquele frio na barriga quando a pessoa liga, o brilho nos olhos quando a pessoa passa, a boca salivando, a mão suando, os pés gelados, muitos braços e pernas pra pouca gente, ficar meio atrapalhada, e andar meio que; Travando. e na verdade a gente acaba sentindo saudade de uma coisa que a gente nem sabe mesmo o que é. A gente sabe o que a gente sente, e como que a gente sente. mais não sabe. é tudo muito confuso.

E as vezes nem é saudade, e sim carência. sentimentos doidos e bipolares que nos fazem só pirar o cabeção. Achar uma coisa, que na verdade é outra. Tudo dentro da gente vira um turbilhão de idéias, imagens e lembranças. Não sabemos o que sentimos, de quem vimos, de quem gostamos.
Quando vê. tudo passa, voltamos a ser uma, e a mesma coisa. voltamos a ser nós e continuamos insistindo na primeira idéia da coisa. “Tenho saudade do mundo que eu vivia, da pessoa que eu abraçava, do amor que eu pensava um dia sentir”, sempre é isso que acontece. Têm pessoas que deixam transparecer mais, e a gente capta assim, num olhar. É fácil de sacar, e tudo fica bem no fim, ela sempre fica boazinha aos poucos; não se preocupe.

O mundo é muito grande e a vida é muito pequena. As vezes a gente nem encontra a pessoa que a gente realmente vai gostar, como dizem: “o chuchu da marmita”, “a tampa da minha panela”, “a minha cara metade”, "o cacau do meu chocolate". pra olhar e dizer: “cara, eu quero esse ser pra mim, todo pra mim e todo meu!” Quando os gostos são os mesmos, quando os olhares se encontram em frações de segundos, o abraço se encaixa fodamente e milimetricamente bem, encostamos o queixo no ombro de uma maneira bem pensada, e nasce encantada e rapidamente um sorriso tímido no rosto; tudo isso é gostar!

Agora eu me pergunto se já gostei de alguém, mais não, nunca gostei de ninguém como eu espero um dia gostar.
Eu acho até uma coisa, e me corrijo. Gostar, eu já gostei. Mais amar não, amar é mutcho louco! Amar alguém é toda essa fração de gostar multiplicada por 500.000, em bilhões de células da paixão no nosso corpo gritando para vivermos esse intenso sentimento, seja por quem for, e da maneira que for. Falar eu te amo é fácil. Sentir esse “eu te amo” é uma das coisas mais difíceis que existe. Quando eu amar, e ser amada por alguém, assim, desse jeitinho. Já estou realizada, não preciso de mais nada na vida. Mais sabe... as pessoas que no mundo tem esse privilégio são, com certeza, as mais iluminadas, são as que já viveram muitas vidas, e que podem ser amadas por alguém; não se preocupe.

é curioso...

Todo dia eu acordo cedo pra ir estudar. a vontade de ficar na cama, é sempre maior. Mais eu acabo me rendendo à rotina, e a frustração do despertar e vou me aprontar. Quando eu saio de casa, já está tudo claro; uma luz diferente da que eu via em casa, um céu azul, pessoas andando com uma pressa interminável e olhando para o relógio com medo de perder qualquer piscar de vento lá fora. E eu fico olhando pra essas pessoas, vendo cada passo, cada jeito, a maneira de segurar a pasta, de se arrumar, de cumprimentar, de falar no telefone. Todas são diferentes. Mas tem uma pessoa, uma única pessoa. Que me chama mais atenção, algo nela me suga os olhos, e não me deixa outra chance a não ser olhar.
É um desses caras, que quando você bate o olho, já sabe que tem um mistério guardado. Ele é sério, sempre com a testa franzida, e uma retidão fora do comum. Bem vestido, cheiroso, cabelos claros, alto, olhos amendoados e grandes. O problema é que eu nunca vi os dentes. Pra um homem tão bonito, algum defeito grave deve ter, vai ver são os dentes que são feios, ou que lhes faltam. É curioso a forma de como ele anda. Completamente centrado no que está fazendo, medindo cada centímetro de cada passo que dá. Eu tento imaginar no que ele esta pensando, mais é tudo muito vago. Ele pode ter uma namorada, pode ser gay, pode ser desses nerds e só pensa no que tem pra fazer no trabalho, antes mesmo de chegar nele. Não sei, não mesmo. Mais ele me faz chamar atenção, isso que é curioso. Quase todas as mesmas pessoas que eu encontro todos os dias, nesse mesmo caminho que eu faço, ele é o único que não faz questão nenhuma de olhar pros lados. Eu já reparei em tudo dele; na barba, no óculos, no cabelo, no jeito de andar, na postura. Mais eu aposto que ele nunca me notou.
Ontem eu estava indo, atrasada. E o encontrei, ele estava cantarolando uma música se não me engano, uma de Caetano, isso me fez chamar mais atenção. Será que ele é um literário reprimido? Eu ainda vou descobrir alguma coisa curiosa da vida dele; e quero ainda arrancar um sorriso, ou pelo menos um cumprimento, um olhar daquele rosto angelical.
Essas pessoas misteriosas sempre me chama atenção, é intrigante e ameaçador. Mais também excitante, a vontade de descobrir algo curioso da vida da pessoa. Por que você sabe, não sabe? É tudo muito curioso.

cê tá ligado, que essa é a pracinha doBELISCO, né?!

desenhos em pedras com formato de Obelisco
sentados, conversando...
-não quero ver nem o que vai desenhar ai
rimos muito, muito naquele dia.
machimellow e pirulitos monstruosos a um real
bolão e chocolate dez centavos
livros raros você encontra aqui
pode vir freguesa a fruta-do-conde
tá fresca saborosa é só chegar
faço trancinha no cabelo
sei costurar, personalizo bolsas, camisetas e faço bonequinhos
adivinho o futuro vendo photoshop.

os prédios apontam a gente lá do alto
alguma valsa toca
fecho os olhos...
Mentira!
valsa?
não, valsa não!
toca a música de uma idolatrada
cantora inglesa e brinco
de faz de conta.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

“sinto o tempo com uma dor enorme. é sempre com uma comoção exagerada que abandono qualquer coisa. o pobre quarto alugado onde passei uns meses, a mesa do hotel de província onde passei seis dias, a própria triste sala de espera da estação de caminho de ferro onde gastei duas horas à espera do comboio — sim, mas as coisas boas da vida, quando as abandono e penso, com toda a sensibilidade dos meus nervos, que nunca mais as verei e terei, pelo menos naquele preciso e exacto momento, doem-me metafisicamente. abre-se-me um abismo na alma e um sopro frio da hora de deus roça-me pela face lívida.”

Fernando Pessoa, livro do desassossego

e o, CARNEVER?

O mundo anda que meio assim. Rápido demais; acho que são as pessoas, e isso acaba, de certa forma, meio que refletindo. As pessoas andam que meio assim. Rápidas demais;
Todo mundo estava esperando ansiosamente o carnaval, toda aquela folia, as pessoas que viriam nos visitar e pular conosco. tudo isso se juntava e não nos deixava pensar no carnaval sem ao menos sorrir, mas eu digo sorrir mesmo. De orelha a orelha.
Agora eu pergunto, o que uma festa dessas faz com a gente?
Não vou negar. Esse carnaval foi animal, e não acho que só pra mim não. e sim pra todas as pessoas do Brasil! Daí. Acabou. Foi tudo rápido demais, quatro dias de festa em uma piscadela, como isso pode? Não. não é possível! Acabou mesmo? Todo mundo precisando de pelo menos três dias de sono profundo pra recompor toda a energia gasta e mesmo assim. Querendo mais.
As pessoas de fora voltaram para suas cidades; a cidade volta a ser silenciosa; a vida recomeçando;e agora começa a vida de verdade! convenhamos. a vida, em geral, no Brasil começa só depois do Carnaval.
Mais sabe, somos todos nacionalistas demais. E temos que curtir mesmo! Beijar mesmo! Amar mesmo! E CARNAVALIZAR mesmo!

o que eu tô procurando?

um fiozinho de lembrança, que pareça possibilidade.
"Essas moças não olham para baixo nem para cima: com passo decidido, olham direto para a frente, como se visualizassem além do horizonte um ponto escondido para esses outros que passam quase sempre sem vê-las, para onde se dirigem com seus jeans gastos, suas bolsas velhas, suas peles de nenhum artifício. Dessa nitidez no passo, dessa atrevida falta de artifícios no rosto é que brota quem sabe aquela impressão de nobreza transmitida tão fortemente quando passam, mesmo aos que não as olham nem mexem com elas."
Caio Fernando Abreu

sobre anéis

ontem voltando pra casa encontrei uma dessas pessoas que parecem imunes a não-reciprocidade no amor. era uma menina de no máximo 17 anos, cabelos escuros, castanhos, lisos, olhos da mesma cor, de uma pele clara e macia, e um sorriso encantador. as características não são importantes. era linda, bom...não importa, de fato. porque ela era dessas pessoas apaixonáveis. qualquer um se apaixonaria por ela. eu olhava e já conseguia ver o encanto nos olhos de qualquer pessoa. sempre pensando; no sorriso. no jeito sarcástico e delicado de falar um palavrão. daqueles anéis cheios de dedos. e eu só pensava nisso. nessas pessoas apaixonáveis. que qualquer um se apaixona. simplesmente. por encanto, naturalmente. não sei se ela reparou. não conseguia parar de olhar. ela era daquelas que não precisam se vigiar o tempo todo para não parecer imbecil.

a feira

ouvi que minha avó
tinha paixão
por queijo branco no café da manhã
e uma pêra para acompanhar;
meu avô come
doces de leite religiosamente
é de fechar os olhos,
eles fazem cócegas, se desmanchando
na língua, e em toda
refeição é sagrado.
tem que ter uma banana para acompanhar;
todo dia minha mãe
corta um mamão de manhã,
e come antes de ir trabalhar.

hoje acordei cedo, fui à feira
as frutas têm gosto de casa.

(inspiração em texto de Alice Sant’Anna)

o começo do começo, do começo

primeiro eu desperto...

então eu acordo,
então eu não lembro do sonho
então eu esqueço completamente do que parecia latejar
na noite anterior
(na outra vida?)
quando eu pensei que poderia sonhar
quando eu desejei uma palavra de amor
quando eu precisei de uma notícia boa
para interromper as dúvidas novas
e os medos.
desde a primeira vez que precisei acordar cedo na vida percebi o quanto odeio terça-feira. as pessoas normalmente cismam com a segunda. eu não. eu odeio a terça. toda vez que volto a ter a maldita necessidade de acordar cedo, lembro disso. sinto na pele o que é odiar a terça-feira. porque na segunda tem o descanso do final de semana e o corpo praticamente acorda no susto e se levanta, no susto, e faz o que é pra ser feito, no susto. assim dou o pontapé em mais uma semana. agora a terça, a terça é cruel. sinto até calafrios, de tanto sono. tenho raiva, de tanto sono. os olhos pesam como se estivessem carregados de areia. ás vezes mal abrem.
eu fico pensando como vai ser a aula, e já imagino como tudo vai ser cansativo;
eu preparo toda a rotina do meu dia, mais quando eu chego em casa. tudo muda, eu durmo. durmo. e durmo, dizem que durmir ajuda a pessoa a crescer. vai vê é isso que me faz dormir tanto; sempre na terça-feira.

hoje de manhã

hoje de manhã me vi sorrindo, á toa de graça... talvez sejam desejos, talvez medo, talvez o sol que me acordou, ou talvez o amor, que nem me deixou dormir, e que embora rápido que foi..mas assim diferente faço,eu faço igual o mar. que quando recebe uma oferenda, sempre leva embora, mais... se ela tem que voltar. sempre volta, e pra pessoa certa. pra pessoa que ela realmente tem que voltar.
Me vi sorrindo, talvez até pelo fato de eu existir, e eu tenho sorrindo... existo. resisto. amo. e insisto em sorrir!

é isso daí

quando a pessoa sente saudade, a pessoa faz o que? quando a saudade gruda na pessoa, na cabeça da pessoa, nos batimentos cardíacos da pessoa, na temperatura corporal da pessoa, no dedinho do pé e no fio de cabelo da pessoa, a pessoa faz o que? a pessoa sente, a pessoa lembra de repente, a pessoa sonha todas as noites, a pessoa se pergunta, a pessoa não acha explicação para a saudade que bate quando não há sentidos concretos para ela bater. a pessoa pode fingir que o pensamento é outro, a pessoa vai correr e quase morre atropelada por uma bicicleta, a pessoa não dorme durante toda a madrugada, mas a saudade aparece de repente quando ela deita a cabeça no travesseiro e embarca para o não-controle. como explicar pra pessoa que a saudade não dói nada e que vai passar como passam até os sentimentos mais vivos do mundo como o amor e o amor e o amor? a pessoa nasce para falar, para ouvir, para gritar o burburinho que sacoleja o peito, a pessoa nasce mesmo para correr e pular e dançar quando ouve uma música que toca muito alto dentro da cabeça, vinda das veias todas, circulando entre o sangue e o oxigênio, sempre quando a saudade bate. se a pessoa não pode falar, a pessoa escreve. Escreve pra saudade.