quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Me deram uma gaiola como casa, amarraram minhas asas e disseram para eu ser feliz..

Mas como eu posso ser feliz num poleiro?
Como eu posso ser feliz sem pular ?
Mas como eu posso ser feliz num viveiro,
Se ninguém pode ser feliz sem voar?

Ah, segurei o meu pranto para transformar em canto
E para meu espanto minha voz desfez os nós
Que me apertavam tanto
E já sem a corda no pescoço, sem as grades na janela
E sem o peso das algemas na mão...
Eu encontrei a chave dessa cela
Devorei o meu problema e engoli a solução!
Ah, se todo o mundo pudesse saber como é fácil viver fora dessa prisão e descobrisse que a tristeza tem fim...
E a felicidade pode ser simples como um aperto de mão!"

terça-feira, 20 de abril de 2010

rotina rotineira


ontem, hoje, esses dias... eu ouvi dizer que o amor faz cócegas na rotina. a rotina é isso de andar pelo mesmo lado da rua. acordar com o mesmo horário despertando no celular. lavar primeiro o cabelo, passar sabonete enquanto o condicionador age das pontas para cima, nos fios todos. acordo com minutos trocados, cada dia um minuto depois, dois dias depois, três minutos antes. finjo uma finta na rotina criando outra rotina. e isso tudo é uma rotina, por incrível que pareça, é.
Sabe aquela coisa de andar fazendo planinhos para um futuro distante? Minhas tardes se baseiam nisso. todas elas. na rotina.
ouvi dizer que o amor sobe escadas de dois em dois degraus. falta o ar e reaparece a cada nova pisada, parada, pisada, parada. ouvi dizer que o amor assobia um blues quando volta pra casa, sozinho. é a voz da negona aos berros, a gaita e o banjo, que desafinados, sempre são admirados com sua melodia melancólica e que sempre tem coisas lindíssimas a dizer, “heeeere we go, again”. solto por aí, sentando em verdes campos, olhando para o céu. solto por aí, cutucando a solidão imperativa.
sinto a falta dele como se me faltasse um dente na frente: excrucitante. que medo alegre, o de te esperar.
C.L
tardes inusitadas
noites inusitadas
ligações inusitadas
falas inusitadas
perguntas inusitadas
sensações de sempre

sexta-feira, 9 de abril de 2010

noite de sono. banho quente. muita roupa. café forte. portão com sereno. vento gelado. sol fraco. frio. pessoas. frio. portão sem sereno. sol forte. frio. casa. música. tarde de sono. banho quente. muita roupa. frio. cobertor. café forte. chocolate amargo. frio. filme. frio. café forte. frio. meia colorida. frio. gorro de lã. frio. luva vermelha. frio. café forte. frio. Abril. frio.

domingo, 4 de abril de 2010

ela era


Bonita, cabelos curtos, jeito picante e olhos coloridos. Mas ontem, ela era preto e branco. Entrou na sala da casa e não reconheceu as pessoas sentadas no sofá. Disfarçou a insegurança entrando no banheiro olhou para o espelho e fez a pergunta que rondava seus pensamentos desde Agosto: até quanto suporto?
Abaixou as calças e deixou o xixi escorrer silencioso enquanto tapava os olhos com as duas mãos. Pensou na noite que lhe esperava, pensou nas opções que tinha, cogitou a possibilidade de pular pela janela. Com a maluquice na ponta da língua, deixou escapar um sorriso. Não tinha opções. Não saberia ir embora. Quase nada tem importância, ainda mais porque nada do que ela queria estava com ela, naquele momento. Recebeu uma ligação, que dizia tudo que ela precisava escutar naquele momento.
Levantou a calça, lavou a mão, olhou mais uma vez para o espelho e encarnou um personagem quase que de conto de fadas. Voltou para sala e sentou-se ao lado da dona da casa. Trocou algumas palavras e sorriu aliviada. Olhou para a única referência que tinha e baixou os olhos. Suspirou por dentro. Amou por dentro. Ouviu o grito que tentava pular para fora: eu amo você e isso não vai passar. Sorriu com o coração ardendo. O coração não arde ao pé da letra e o colorido nem sempre guarda o pote de ouro. Mais a vida, deixou de ser preta e branca. A partir do momento desse "eu te amo".

sexta-feira, 2 de abril de 2010

demasiadas palavras, fraco impulso da vida

Meu ultimo desabafo, meu ultimo suspiro, meu ultimo grito de angustia, minhas ultimas palavras dessa saudade que machuca.
A gente até engana os outros de que é feliz, mas por dentro a solidão só aumenta.

Eu sempre disse a mim mesma: é claro que isso passa. É claro que eu vou esquecer o que, de certa forma, me fez mal. e um dia esse vazio vai ser preenchido dentro de mim..
Parece até que isso era uma espécie de talismã pra que eu pudesse continuar toda vez que via alguma foto sua, toda vez que alguém mencionava seu nome, quando eu involuntariamente relia cartas antigas, sentia seu perfume na rua, toda vez que acordava assustada com os meus sonhos, ou em alguma noite que não conseguia dormir com medo da chuva. desejando a sua companhia, nem que fosse só pra me abraçar.
É, mas no fundo eu também sabia que esse talismã não servia pra nada. Porque quando alguém me perguntava por ele, meu coração continuava acelerando, quando eu sentia seu perfume, minhas pernas ainda ficavam bambas, e quando eu sonhava , eu continuava tendo muitas pernas e braços, pra caber em uma cama. E o sono era substituído pela angústia.


Mas sim, no lugar mais íntimo do meu eu, eu sabia que não ia passar, porque eu não queria que passasse. Ou por mais que eu queria que passasse, eu sabia que não ia passar.

" Antes de você, minha vida era uma noite sem lua. Muito escura. Mas haviam estrelas - pontos de luz e razão.E aí você apareceu no meu céu como um meteoro.
De repente tudo estava pegando fogo. Havia brilho, havia beleza.
Quando você não estava mais la, quando o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou escuro.
Nada havia mudado, mas os meus olhos haviam ficados cegos com a luz.
Eu não conseguia mais ver as estrelas.
E não havia mais razão pra nada. "

Ai, essa vida cheia de turbilhões. E eu sempre me preocupando em falar alguma coisa, expressar alguma coisa, gritar alguma coisa, pular alguma coisa, comer alguma coisa, chutar alguma coisa, sorrir alguma coisa, abraçar alguma coisa, amar alguma coisa.