quarta-feira, 21 de julho de 2010

magia

o tecido trabalhado em fios de algodão estava suspenso com a ajuda de um pequeno engate, preso ao teto. era um pedaço de pano bastante grande, que por questão de 20 centímetros não alcançavam o chão. o tom era um ciano bastante gasto. com a luz bem baixa se passaram mais ou menos cinco minutos e uma música alta começou a tocar.

ela chegava.
segurou o tecido pindurado no teto, e agora, se suspendia junto com ele.
pareciam um só. qualquer movimento que ela trabalhara ele a acompanhara.
com as pernas cruzadas, ela se encontrava de cabeça para baixo. sempre com gestos naturais e extremamente delicados. a magia era facilmente percebida, ela rodava tanto que me chegava a bambear os olhos, a música era de uma sinfonia tão magestral que me faziam viajar, ou delirar em seus movimentos.
a maquiagem circense dos seus olhos os faziam brilhar ainda mais. conseguia passar uma felicidade e uma paz imensa. era tudo tão mágico, pena que acabou.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

sinto com se tivesse
uma corda de nylon
me puxando cada vez mais forte
pelo umbigo.

um fiozinho de nylon
que a cada puxada
aumenta de espessura
ficando mais forte
e machucando mais.

terça-feira, 13 de julho de 2010

eu vou te pegar
isso é um fato
o resto é futuro
"o marulhar do mundo em minha cabeça, poucas coisas importantes, poucas coisas a mais, a marca do copo gelado no balcão de madeira, minha marca no vento que passou, que passa, poucas coisas, pouco importantes, a vida refletindo-se no verde do licor de menta, meu irrefletir, verde escuro círculo no balcão de mim, cumprindo uma tabela ignorada, noite infinita que sobe pelos corpos como maré cheia, noite finita que desce em nossos ombros lembrando-nos de que ainda não estamos livres, pouco de nós consegue evaporar - talvez ainda não tenhamos pago a conta -, a marca do copo continua ali, a maca do corpo, pouco (talvez o melhor poeta não tenha sido um poeta, talvez a melhor poesia - um verdadeiro haicai - tenha vindo da alma do filósofo que disse:



sei

que

n a d a

sei"

quinta-feira, 8 de julho de 2010

"eu irei lhe dizer o que eu irei fazer e o que eu não irei fazer. Eu não servirei aqueles no qual não acredito mais, mesmo que se entitulem minha casa, minha cidade natal ou minha igreja: e eu tentarei me expressar [viver] de uma forma mais livre e completa possível [através da arte], usando em minha defesa as únicas armas que eu me permito usar - silêncio, exílio e habilidade..."

sábado, 3 de julho de 2010


a música, com seu trajeto sonoro. inventa a moda de nos fazer trajetar pela casa toda, cantando na maior altura possível, de braços abertos e pés trançados. um pé atrás, outro na frente. um pro lado, outro pra trás, agora na ponta dos pés: um pulo!

Enfeitiça.

Fui pega de surpresa, nesse ato enfeitiçante. a voz que eu esperava dizer outra coisa, dizia agora: vai, contiue!
Faz tempo que eu não ouvia assim, sem dor pra perceber que o mundo não muda. Eu digo que estou encantada.
assim foi quase o dia todo, perdendo a maior parte do meu tempo olhando pro céu e com os braços estendidos; parece que as coisas agora, andam mudando.