“sinto o tempo com uma dor enorme. é sempre com uma comoção exagerada que abandono qualquer coisa. o pobre quarto alugado onde passei uns meses, a mesa do hotel de província onde passei seis dias, a própria triste sala de espera da estação de caminho de ferro onde gastei duas horas à espera do comboio — sim, mas as coisas boas da vida, quando as abandono e penso, com toda a sensibilidade dos meus nervos, que nunca mais as verei e terei, pelo menos naquele preciso e exacto momento, doem-me metafisicamente. abre-se-me um abismo na alma e um sopro frio da hora de deus roça-me pela face lívida.”
Fernando Pessoa, livro do desassossego
Fui presenteado pela minha amada com o Livro do Desassossego há alguns anos. Ainda não consegui ler Bernardo Soares, este estranho heterônimo de FP.
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